Em meio aos sintomas do retrocesso vivido no País, temos agora uma notícia alvissareira: o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), mediado pela Associação Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Aedas), vai liderar uma iniciativa inédita de produção e distribuição de energia “híbrida”, compartilhada com a Cemig, no norte mineiro.
O projeto de pesquisa & desenvolvimento está orçado em R$ 24,4 milhões e objetiva a instalação de uma planta piloto fotovoltaica flutuante no reservatório da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Marta, no município de Grão Mogol, Minas Gerais.
O convênio para a execução do projeto foi assinado em 8 de Março, por lideranças femininas do MAB e pelo governador Fernando Pimentel. A escolha da Aedas obedeceu rigorosa seleção feita a partir de chamada pública na qual concorreram mais seis entidades.
Essa é a maior parceria no Brasil feita entre um movimento social de peso nacional e um governo de estado, para produzir energia e que vai beneficiar cerca de 1.300 famílias do semiárido mineiro.
O Bloco Minas Melhor festeja a assinatura do convênio. Integrando a Comissão Extraordinária das Barragens, instituída para apurar, dentre outras questões, as causas do rompimento da Barragem do Fundão, no distrito de Bento Rodrigues em Mariana (05/12/15), os deputados Rogério Correia (PT) e João Magalhães (PMDB), do bloco parlamentar, tiveram ampla interação e colaboração com o MAB para a apresentação da proposta de Relatório Final.
É essa diversidade de atores sociais e políticos que torna histórica a assinatura desse convênio. O Executivo, o Legislativo e os movimentos sociais interagem de forma dinâmica. Hora estão em oposição e em conflito, hora em colaboração, sem que nenhum deles perca sua identidade e atribuições.
A democracia contemporânea não cabe apenas na relação formal entre os poderes constituídos e a sociedade civil, relação esta limitada por eleições regulares e periódicas. Não. Num tempo de experiências de Estado de Exceção, a opção do governo mineiro é a do diálogo e da parceria, independemente das críticas e cobranças, legítimas ou não, dos movimentos sociais.
E o papel da bloco de apoio ao governo no Legislativo, o Minas Melhor, é o de construir pontes e estabelecer novas interações. Respeitando cada ator e seus respectivos papéis.