Durante o lançamento de seu livro O Quarto Poder – Uma Outra História (Hedra, 2015), o jornalista Paulo Henrique Amorim citou o Bloco Minas Sem Censura como uma referência na luta pela liberdade de imprensa. “Essa expressão “sem censura”, e eu falo isso ao lado de Rogério Correia, foi uma maneira que Minas encontrou de se associar à uma luta nacional pela liberdade de expressão”, disse o jornalista ressaltando que esse trabalho, que nasceu dentro da Assembleia Legislativa do estado, se une ao mesmo objetivo do livro, o de mostrar uma realidade da mídia brasileira, por meio de histórias não convencionais. “Conto a história dos bastidores que eu conheci. Esse livro reproduz a minha experiência de repórter. A minha experiência anotada em entrevistas e episódios que eu vivi e que eu acompanhei e agora reproduzo”, afirmou.
Líder do Bloco que hoje é conhecido como Minas Melhor, o deputado Rogério Correia (PT) lembrou que o estado vivia sob um regime de censura imposto pelos governos tucanos. “O próprio governo exercia a censura por meio de um partido político e de pessoas que, encaixadas dentro do aparato de governo, só deixava circular aquilo que lhes fossem favorável”, contou.
O parlamentar lembrou ainda que o Minas Sem Censura serviu como um instrumento político, que traduzia para o Brasil a verdadeira realidade que o estado de Minas Gerias vivia. “Minas Sem Censura contribuiu para a queda do governo neoliberal e autoritário em Minas Gerais. E a gente espera que, nacionalmente, isso se concretize através de democratização da mídia e o término do monopólio de imprensa”, disse o deputado.
Minas Sem Censura é Minas Melhor
Criado em 2011, o bloco Minas Sem Censura reuniu – composto inicialmente pelo PT, PMDB e PCdoB, foi o coroamento de uma oposição parlamentar iniciada em 2003 e que preparou terreno para a grande conquista de 2014, com a vitória da chapa liderada por Fernando Pimentel (PT), tendo como vice Toninho Andrade, do PMDB.
Mesmo sofrendo todos os tipos de perseguições e golpes divisionistas patrocinados pelo tucanato, o “Minas Sem Censura” se manteve firme. O acervo político desse bloco parlamentar foi decisivo para a derrota do farsesco choque de gestão e para ajudar a esclarecer ao restante do país quem era o tucano Aécio Neves.
Hoje, a memória desse trabalho ainda cumpre um papel fundamental na disputa de hegemonia em nosso estado e, porque não dizer, no país.
Afinal, o tucanato ainda insiste em se colocar como alternativa de governo, seja por golpe ou terceiro turno, mesmo depois do que fizerem no país e em Minas Gerais.
O Quarto Poder – Uma Outra História
Recebido pela Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo deputado Cristiano Silveira (PT), o jornalista Paulo Henrique Amorim falou que seu livro é uma tentativa de mostrar uma outra história contata a partir dos bastidores. “Começa com a perseguição da Rádio Globo ao presidente Juscelino Kubitschek e culmina com a perseguição da Globo contra todos os governantes que não são do lado dela”, explicou.
Para ele, o livro tem também o objetivo de contribuir com a liberdade de imprensa no país num momento que o jornalismo brasileiro, claramente atuam de forma parcial em favor da direita que, por sua vez, assume um papel reacionário e golpista. “Felizmente não estamos sozinho nessa luta. Formamos uma corrente com outros jornalistas como Luiz Carlos Azenha, Luis Nassif, Altamiro Borges, Rodrigo Vianna e outros que se reúnem no grupo de mídia alternativa Barão de Itararé”, disse.
Uma das maiores críticas do jornalista é contra o chamado PIG (Partido da Imprensa Golpista) formado pelas poucas famílias que detém o monopólio da imprensa nacional. Como alvo principal cita no livro o jornalista Roberto Marinho e principalmente a Rede Globo, a quem acusa de manipular notícias, debates e discursos políticos ao longo de pelo menos, 5 décadas.